"Há muitas maneiras de encarar a nossa existência: como um trajeto, um naufrágio, um poço, uma montanha. Tantas visões quantos seres pensantes, cada um com sua disposição: cética, otimista, trágica ou indiferente.
Gosto de vê-la como um teatro, um cenário com muitas portas, que estavam ali ou que nós desenhamos. Algumas só se abrem, outras só se fecham; outras ainda se escancaram sobre um nada.
Quando abrimos uma delas - nossa múltipla escolha - é que se delineia a casa que chamamos nossa existência, e começam a surgir os aposentos onde vamos colocar nossa mobília, objetos, janelas, pessoas, um pátio que talvez leve a muitos caminhos.
Somos autores e personagens dessa cena complexa. Nos vestimos nos camarins, rimos ou choramos atrás das cortinas. Também vendemos entradas; às vezes vendemos a alma.
É de suma importância citar alguns mitos da nossa cultura, que, embora criados por nós, dificultam essa tarefa existencial."
(Gramado, O Bosque)
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