Prezado amigo,
sou feliz em dizer que meus passos seguem a harmonia deste dia. Estou bem, mais do que isso, encontro-me em um intenso processo de mudanças. Sinto falta de suas palavras, e por mais que essas me façam refletir sobre algo que até então não pensava, alegra-me saber que ainda trocamos discussões sobre o que nos é alheio.
Como sempre seus versos tão cheios de vida me fazem sentir o que suas palavras tentam interpretar. Muito me incomoda pensar que cresce de forma desenfreada a desigualdade em nosso mundo. Fruto de um capitalismo egoísta, essa é crua realidade que vivemos. Empolgação momentânea, como mesmo disse, momento que é concedido a poucos.
Sinto enorme dificuldade em, com palavras, expressar a dor que nos cabe. É realmente lamentável assistir a esperança se perder nas sementes de nosso presente. Entre os tantos que suplicam por simples desejos, como um singelo sorriso ou algo para se alimentar, são poucos que conseguem imaginar um mundo de paz. Imagens que tornam cada vez mais constante a visão de um futuro desumano.
Confesso que tenho comigo a mesma inquietude que tanto lhe incomoda. Caminhamos rumo ao comodismo meu amigo, se é que dele já não fazemos parte. Lógica que torna tais atrocidades comuns, melhor dizendo, nos faz vê-las dessa forma. A sociedade, por mais que se comova, não consegue se ocupar em mudar essa lógica. Por um motivo muito simples, o mundo a que pertencemos individualiza o que devia pertencer a todos: o amor.
Mudar o que hoje assistimos não é tão utópico quanto pensar que se pode começar em nós mesmos. O mundo carece de significado. Sentido que aos poucos vamos atribuindo a esperança que não pode se perder. Por mais que sejamos como uma gota d’água, os reflexos do que tanto lutamos para mudar, um dia irão acontecer. Hoje começamos com um primeiro passo, deixando a solidariedade florescer no dia em que as crianças começam a enraizar um futuro mais humano.
Esboço da forma mais simples o que minhas palavras tentam dizer. Espero que continuemos a nos falar, gostaria de sua opinião sobre a angustia que hoje se faz presente no mundo em que vivemos. Pode ela ser benéfica? Até que ponto? Despeço-me com a felicidade que cabe ao coração de um amigo que tanto se alegra por compartilhar versos tão singelos. Ansioso pelas próximas palavras, e esperançoso pelas crianças que ainda esperam por mundo melhor,
Seu irmão.
Resposta à carta http://juhogomes.blogspot.com/2011/10/feliz-dia-das-criancas.html
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